Eram 7:00 A.M quando minha mãe foi me acordar,
mas eu já estava acordado.
— Filho, saímos daqui ás 8:00 A.M — ela disse num tom
baixo e triste.
— Ta bom mãe — falei num tom pior que o dela — Vou me
arrumar e já desço.
Vesti um terno
que o próprio Greg havia me dado no meu aniversario de quinze anos.
Desci comi um
pouco de cereal e já fomos para o carro.
— Filho, sei que Greg era seu melhor amigo mas quero que
saiba que você vai velo morto naquele caixão — disse minha mãe enquanto
dirigia.
— Eu sei mãe. Porque esta me dizendo isso — perguntei sem
entender o que significava o assunto dela.
— É que não vai ser vai ser fácil pra você velo morto em
um caixão, não quero que cometa uma loucura.
— Não se preocupe mãe, quero que ele tenha um enterro
digno.
Chegamos no cemitério,
a família decidiu cremalo. Ao ver seu corpo no caixão não consegui segurar as múltiplas
lagrimas que rolavam do meu rosto e explodiam contra o chão, lagrimas de tristeza,
mas ao mesmo tempo lagrimas de esperança. Eu tinha fé que o veria novamente.
A cerimônia começou
e por um segundo, vi o inacreditável acontecer. Greg levantou a cabeça do
caixão e disse:
— Não os deixe me cremar, você sabe o que fazer.
Eu não estava ficando louco, juro que vi sua
cabeça se levantar. Juro que o ouvi falar. Mas eu não sabia o que fazer.
— ME DIZ GREG ME
DIZ — quando me dei conta estava gritando e chacoalhando seu corpo — ME DIZZ O QUE
EU DEVO FAZER POR FAVOR! EU NÃO SEI!
Seu padrasto me
tirou de perto do caixão.
— Você ficou maluco — ele gritou comigo — Quer acabar com
o velório?
— Vocês não podem cremalo. Não podem. Ele não queria
isso.
— E quem é você pra dizer alguma coisa?
— Sou o melhor amigo dele.
— E eu sou o pai dele — ele disse apontando o dedo na
minha cara.
— Você não é o pai dele — dei um tapa em sua mão — Você é
o padrasto maldito dele, que o batia, chingava e só o tratava mal.
Greg já havia
me falado milhares de vezes o que o padrasto dele fazia com ele. Ele já havia
me dito que o padrasto dele já o bateu tão forte que ele chegou a desmaiar e
disse também uma vez que o padrasto dele tentou o estuprar e só não conseguiu porque
ele deu uma forte mordida no penis dele. E ele só não denunciava porque Valentim
— o nome de seu padrasto — dizia que se ele contasse algo pra alguém ele
mataria sua mãe.
Valentim me
deu um tapa que me fez cair no chão.
Vários homens
da família correram para seguralo e minha mãe correu até mim.
— Sra. Valery, por favor, não os deixe cremalo — implorei
para a mãe dele — Faça isso pelo Greg.
— Nós vamos cremalo e ponto final seu moleque infeliz — gritou
Valentim.
— Não nós não vamos — a Sra. Valery disse de cabeça
baixa.
— O que??! — Valentim exclamou indignado — Se prepare quando
chegar em casa — ele virou as costas e foi embora.
— Muito obrigado Sra. Valery — falei.
— Valery, se você quiser dormir na minha casa está tudo
bem — minha mãe disse a ela.
— Eu gostaria muito Margareth — ela confirmou com medo
nos seus olhos.
O velório acabou
e todos foram embora. Apenas eu fiquei.